Divulgação ► Carro roubado apreendido pelo DOF lotado de maconha
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Campo Grande News
A presença do PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai já influencia nas estatísticas do crime. Aumentou consideravelmente nos últimos dois meses a apreensão de carros roubados no Brasil que estavam sendo levados para o país vizinho.
Com a morte do chefão do narcotráfico Jorge Rafaat, em junho deste ano, o grupo criminoso fincou raízes na Linha Internacional e o roubo de carros começou a aparecer até onde era fato raro, como em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande.
“Situação como essa não existia e começou a existir depois da morte do Rafaat”, afirmou um experiente policial da fronteira ao citar o roubo de dois veículos, na noite de 13 deste mês, em Ponta Porã. “Após a morte de Jorge Rafaat, aumentou da criminalidade na região fronteiriça”, completou.
Os números totais ainda não foram contabilizados, mas um levantamento feito comprova que as polícias da fronteira estão apreendendo mais veículos roubados do que no ano passado.
Além da presença do PCC, que aos poucos está assumindo o controle das atividades criminosas na fronteira seca, inclusive do comércio de carros roubados, o uso de veículos ilegais para transporte de drogas também influencia para o aumento da atividade criminosa.
Cavalo doido – Quase diariamente, DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendem carros roubados lotados de maconha – no porta-malas, dentro das portas, sobre os bancos e até sobre o painel.
Em boa parte dos casos, quando vê a polícia o condutor do carro foge em alta velocidade até abrir uma boa vantagem da viatura, para o veículo na estrada e foge para o meio do mato. É o chamado “cavalo doido”.
“O cara sabe que se for parado na barreira ele vai ser preso porque a droga está exposta no veículo. Aí ele se arrisca, pega a estrada e torce para não encontrar a polícia. Se encontrar, foge em alta velocidade, por isso chamamos esses traficantes de cavalo doido”, explicou outro policial que atua diretamente no combate ao narcotráfico no trecho entre Ponta Porã e Dourados.
Números comprovam – De acordo com o setor de comunicação do DOF, de janeiro a setembro deste ano o departamento recuperou 107 veículos roubados ou furtados. Durante todo o ano de 2015 foram 98 veículos.
Os dados da PRF comprovam que boa parte desses veículos roubados no Brasil é usada para carregar droga. A delegacia de Dourados apreendeu 124 veículos de janeiro até ontem (20). Desse total, 78 estavam com drogas.
Na mira dos ladrões – Policiais ouvidos pela reportagem afirmam que a destinação de carros roubados e furtados para o transporte de drogas ampliou a abrangência dos arrastadores e quase todos os modelos passaram a ser alvos.
“Não importa mais se o carro é muito procurado pelos receptadores do Paraguai, como ainda existe com caminhonetes a diesel, por exemplo, e carros de luxo valorizados pelos desmanches. Antes, os donos desses veículos eram os que mais se preocupavam. Atualmente, qualquer carro potente, com porta-malas grande, serve para carregar maconha, portanto, entra na mira dos criminosos”, relatou um policial.
Segundo outro agente federal que atua na fronteira, existem dois grandes desmanches de carros no lado paraguaio, que também compram veículos roubados no Brasil para tirar peças e vender, principalmente para clientes brasileiros.
“O desmanche não deixou de existir, só que agora as opções dos bandidos são maiores e todos os donos de carros precisam redobrar os cuidados”, afirmou o policial.
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