Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Com 22.554 testes para detecção do novo coronavírus feitos em Mato Grosso do Sul, estima-se que 8 pessoas em cada mil habitantes do Estado fizeram exames para detectar se têm ou tiveram a doença. Em MS são aplicados tanto exames moleculares, que são os RT-PCR e quanto os rápidos, que identificam os anticorpos produzidos contra a doença.
O dado acima, segundo autoridades em saúde do Estado, é considerado bom e inclusive maior que o realizado em outras unidades federativas. No entanto, não é o ideal, já que diante de uma doença nova e desconhecida como a covid-19, o correto seria que toda população pudesse ser testada.
O Ministério da Saúde já encaminhou 95.632 exames de detecção da doença para o Estado, sendo do modelo molecular e outros 96.140 do modelo teste rápido. Além desses, o Estado ainda adquiriu por conta própria, mais 10 mil do RT-PCR, o que ampliou a possibilidade de testagem, inclusive nos drive-thrus.
A infectologista e coordenadora do COE (Comitê de Operações Especiais) da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mariana Croda, explica que o fato de Mato Grosso do Sul estar aplicando mais testes que outros Estados, explica, por exemplo, o baixo índice de letalidade da doença. Com 3.551 casos confirmados, são 33 mortos, culminando num índice de mortalidade de 0,9%, abaixo do Amazonas, por exemplo, que chegou a 6,85%.
Pesquisas paralelas, como do Ibope Inteligência, mostram que a fala da especialista condiz com a realidade, já que tal levantamento indicou alto índice de contágio nos estados das regiões Norte e Nordeste, onde a quantidade de testes aplicados é baixa, mas a mortalidade alta.
“Temos realizado mais testes que outros estados principalmente porque não seguimos à risca um dos regramentos do Ministério da Saúde, que é o de testar apenas pacientes hospitalizados quando a transmissão passa a ser comunitária”, explica Mariana.
Segundo ela, o ministério preconiza que sejam examinados para verificação de covid-19 apenas as pessoas que apresentem SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), mas em MS, até mesmo quem não apresenta sintomas passa pela verificação. Ela cita caso de testagens em massa em frigoríficos, aldeias indígenas e familiares de quem foi infectado, por exemplo.
“Com isso, Mato Grosso do Sul testa muito mais que outros estados e por isso, a taxa de letalidade deve estar muito mais próxima da real”, avalia.
Municípios – Segundo dados atualizados do Painel Coronavírus MS, o Mais Saúde, dos 20.404 testes já aplicados no Estado, 7.821 foram em Campo Grande, onde já são 720 casos confirmados da doença. Proporcionalmente à população, estima-se que 8,72 pessoas foram examinadas a cada mil habitantes
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Já em Dourados, atual epicentro no novo coronavírus em MS, são 1.197 casos confirmados até hoje e 3.497 testes realizados. Diante da população estimada de 222.949 pessoas, é o mesmo que dizer que 15,68 exames foram feitos a cada mil moradores.
As outras duas cidades analisadas, com base nos dados da SES, são Corumbá e Três Lagoas. Na primeira, foram aplicados até agora, 1.865 testes numa população de 111.435 pessoas, o que corresponde a 16,73 exames a cada mil habitantes.
Já a taxa de testes em Três Lagoas se aproxima da de Campo Grande, com 1.045 testes feitos até agora, numa população de 121.388 habitantes, o que revela que 8,60 pessoas foram testadas a cada mil.
Para Mariana Croda, essa proporção revela que a quantidade de testes aplicados se relaciona com o nível de transmissão que ocorre nessas regiões. Isso significa que quanto maior o contágio, maior a demanda por testes.
Além disso, mostra também que há uma ligação direta com a porcentagem de casos positivos registrados. Para se ter ideia, dos exames tipo RT-PCR feitos no drive thru da Capital, 5,1% deles são positivos e dos rápidos, 3,6%.
De acordo com a infectologista, isso significa que em Campo Grande, da amostragem da população testada, 5,1% está atualmente com a doença e 3,6% já a tiveram.
“O teste rápido serve pra nos mostrar a imunidade de rebanho, que é o número de pessoas imunizadas contra a covid porque já foram infectadas por ela e nos ajuda a traçar as ações de reabertura da quarentena”, diz.
Por outro lado, esse mesmo teste revela que há uma grande parte da população suscetível ao novo coronavírus e passível de ser contaminada.
Já o exame molecular, o RT-PCR, identifica quem está com a doença no momento, e ajuda a aplicar as medidas urgentes e necessárias para o combate, sobretudo, a ajustar o sistema de saúde para atender as pessoas que porventura evoluírem para um quadro grave da doença.
Assim, a especialista afirma que o conjunto desses dados ajuda a monitorar onde está o foco da doença no estado e a aplicar ações de controle.
“Mesmo que um município esteja aplicando mais testes que outro, por exemplo, os dados em conjunto nos permitem afirmar onde a transmissão está maior. Não é porque testa muito que uma cidade tem mais caso, mas porque tem muitos casos mesmo”.
Mariana sustenta ainda que outros indicadores permitem ter essa visão e compara, por exemplo, Dourados e Corumbá, que têm taxas de testagem semelhantes, mas uma com muitas confirmações e outras com poucas.
“Dourados já chegou a ter percentual de 27% de positividade nos testes feitos no drive thru. Isso mostra efetivamente que a transmissão lá está maior”.
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