Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Mato Grosso do Sul já foi o estado com os menores índices da Covid-19, mas neste mês, surtos em cidades do interior têm feito tanto os números de infectados o quanto de internações terem grandes saltos. Dados mostram que transmissibilidade no Estado tem taxa de 3,81. Isso significa que um infectado pode transmitir a doença para cerca de três pessoas.
Nos hospitais, o aumento das internações demonstra o avanço do contágio: em uma semana, a ocupação de leitos hospitalares em MS aumentou 52%, com 65 pessoas internadas, 14 delas em unidades de tratamento intensivo (UTIs).
Com todos esses indícios, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, alertou para um possível colapso do sistema de saúde já em junho, que começa na próxima semana.
“Devemos continuar tendo esse aumento de casos, em vista da grande taxa de transmissão que temos. A cada 10 positivos podemos ter 38 contaminados. Estamos em um crescimento exponencial e que possa necessitar de muitos leitos clínicos e de UTI, e essa situação pode se assemelhar a de outras unidades da federação que passaram por problemas nesse sentido”, afirmou Resende ao Correio do Estado.
A pesquisa foi feito pelo grupo Covid-19 Analytics, no qual a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro participa e mostra que Mato Grosso do Sul tem a terceira maior taxa de transmissibilidade entre os outros estados do País. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (27), o Estado estava atrás apenas de Goiás, com a maior taxa do Brasil (5,63), e Rio Grande do Norte, com 4,88. A média desses estados é maior até mesmo que a média nacional, que naquele dia era de 1,92.
“O número de casos, principalmente na região de Dourados, tem nos preocupado. O aumento desses casos tem feito com que haja um aumento também expressivo na taxa de internação”, alertou o secretário durante a apresentação dos casos de quinta-feira.
O raciocínio é compartilhado pelo médico infectologista Julio Croda, que é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Crus (Fiocruz). O profissional ressaltou que foram dois “surtos” em frigoríficos que elevaram o patamar do Estado em relação à pandemia.
“Tivemos dois surtos importantes relacionados a frigoríficos. Semana passada, a macrorregião de Dourados, por exemplo, teve 241 casos e muitos relacionados ao surto do frigorífico. Em Guia Lopes, que pertence à macrorregião de Campo Grande, foram 159 casos. Se não tiver contenção adequada desse surto, muito provavelmente vai ter uma aceleração de nossa curva epidemiológica que não vamos conseguir conter”, explica o infectologista. Dados desta quinta-feira mostravam que Mato Grosso do Sul tem 1.262 casos confirmados, um aumento de 40,8% em relação à semana passada, quando eram 746 episódios. Em relação às internações, o número de pacientes que precisaram de atendimento dobrou em relação à quinta passada, quando eram 31 pessoas internadas. Ontem, 65 ocupavam um leito.
Dourados
O município de Dourados e todas as cidades do seu entorno se tornaram a grande preocupação da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Até a quinta-feira já havia 220 casos confirmados apenas na cidade, sem contar os outros 16 municípios que fazem parte da macrorregião que tem Dourados como ponto de referência no atendimento a pacientes com o novo coronavírus.
Há sete dias, eram apenas 84 casos confirmados na cidade, número que quase triplicou no período. Já em relação aos internados, mais da metade estão em hospitais de Dourados e região. Dos 65 que estavam internados no Estado ontem, 34 eram da cidade e outros dois de municípios no seu entorno.
Correio do estado.