Reprodução ► Print do Diário Oficial com promoção de um dos alvos, divulgado em grupo de mensagens da quadrilha
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Parecia filme de espionagem, mas na verdade era a atuação do chamado 'Esquadrão da Morte do PCC', grupo de bandidos que tinham como missão a execução de 12 servidores da segurança pública, como policiais e agentes penitenciários.
De forma bastante intuitiva, o bando funcionava como uma central de inteligência, seguindo de perto e por 24 horas a rotina dos alvos e seus familiares.
Os policiais civis da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco), responsáveis pelas prisões, descobriram que o grupo se dividia, principalmente, em dois.
De acordo com o site Correio do Estado, um deles tinha como responsabilidade o trabalho de 'investigação', propriamente dito. Criavam perfis falsos nas redes sociais para seguirem os agentes de segurança e descobrirem dados de suas vidas particulares.
A coisa ia além, com consultas frequentes às páginas oficiais do Governo do estado e leitura diária do Diário Oficial para descobrir escalas de trabalho e transferências de postos.
Todo o conteúdo produzido por eles era encaminhado aos 'torres', como são chamados os líderes da facção criminosa, que controla o tráfico de drogas e armas na fronteira do Estado com Paraguai e Bolívia, que estão detidos no Presídio de Segurança Máxima, no Jardim Noroeste, região leste de Campo Grande, e Penitenciária Estadual de Dourados.
Segundo a delegada Ana Claudia Medina, responsável pela investigação que durou quatro meses, a outra parte dos bandidos fazia o trabalho de campo. A maioria desses, que já cumpriram pena anteriormente ou que estão em liberdade condicional, tinham dívidas a pagar com as lideranças.
E então passavam a acompanhar, inclusive com fotos e vídeos, os sevidores de segurança pública marcados como alvos, juntamente com familiares, parentes, amigos colegas de profissão, acompanhando minuciosamente a rotina diária, locais frequentados, residencias, veiculos utilizados, trajetos de deslocamentos e horários vulneráveis.
A audácia era tamanha que a polícia investiga a invasão nas casas de alguns dos policiais de forma infiltrada, usando roupas de operadoras de televisão a cabo ou concessionárias de internet.
Era a forma encontrada para fazer a 'varredura' das residências, descobrindo cômodos e planejando formas de ataque.
"Eles tinham apoiadores que, aqui fora, faziam o levantamento de campo e monitoramento 24 horas por dia dos servidores e dos seus familiares, como quais carros usavam, o dia de folga, onde costumavam ir", disse a delegada.
A identidade dos alvos do Esquadrão da Morte do PCC é mantida em sigilo por motivos de segurança. O Correio do Estado apurou que a operação foi deflagrada na eminência de ataques promovidos a agentes de Rio Brilhante, Corumbá, Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti.
A principal suspeita da Polícia Civil é que a primeira das ações planejadas pelo grupo foi de fato concretizada: a execução do soldado da Polícia Militar Juciel Rocha Professor, 25 anos, ocorrida na madrugada do dia 10 de fevereiro, em um bar de Maracaju. O PM fazia constantemehte o trabalho de escolta na transferência de presos da cidade para os grandes presídios do Estados.
Dois dias depois, quatro homens foram presos acusados pelo crime. A motivação apontada na época já antecipava alguns dos elementos revelados pela Deco. E um dos detidos havia obtido a liberdade do presídio apenas 22 dias antes. Voltando ao cárcere com o posto de liderança, como uma promoção.
Correio do Estado