Marcos Ermínio ► Índios carregam o caixão de Semião Fernandes Vilhalva, em Antonio João
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: A Gazeta News
O conflito por terra entre índios e fazendeiros é um barril de pólvora que já começou a explodir e continua manchando de sangue o solo de Mato Grosso do Sul, que neste dia 11 de outubro comemora 39 anos criação.
De um lado estão os guarani-kaiowá e terenas que lutam pela demarcação de territórios que consideram tradicionais e do outro estão produtores rurais, de grandes fazendeiros a pequenos sitiantes, como os sete de Dourados, que estão com as terras invadidas pelos “vizinhos” desde março.
Quanto mais o temo passa sem uma solução por parte dos governantes, mais áreas são ocupadas e mais confrontos com mortos e feridos aumentam as estatísticas. Os produtores rurais contam os dias para a próxima invasão e os índios perdem o sono esperando outro ataque na madrugada.
As áreas em disputa se espalham por várias regiões de Mato Grosso do Sul, mas a maioria está nos municípios do sul e da fronteira com o Paraguai.
As exceções nas outras regiões são Buriti de 17,2 mil hectares, localizada nos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti e reivindicada pelos terenas, Cachoeirinha de 36,2 mil hectares em Miranda, e Taunay/Ipegue de 33,9 mil hectares, em Aquidauana.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem 48 áreas indígenas em Mato Grosso, contando as delimitadas, declaradas, homologadas, regularizadas e em estudo.
Nem mesmo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público Federal foi suficiente para acelerar os estudos e o confronto continua.
A maior de todas as áreas reivindicadas pelos índios em Mato Grosso do Sul é Dourados -Amambaipeguá I, que tem 56,6 mil hectares e atinge terras de Dourados, Amambaí e Naviraí.
O estudo de identificação e delimitação foi assinado em maio deste ano, “no apagar das luzes” do governo Dilma Rousseff e desencadeou o confronto ocorrido no dia 14 de junho, na fazenda Yvu, em Caarapó.
Foi por causa desse decreto que os índios da aldeia Tey Kuê decidiram ampliar a reserva e ocuparam a fazenda onde seis deles foram feridos a tiros e o agente de saúde indígena Clodioude de Souza, 26, morreu atingido por cinco disparos.
Nos dias seguintes ao ataque dos fazendeiros – cinco deles estão presos pelo atentado – outras duas fazendas e sete sítios nos arredores da aldeia foram invadidos e os índios permanecem nas terras.
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo, negou o pedido da Funai e manteve a reintegração de posse da área. A Funai recorreu ao STF, mas ainda não há uma decisão.
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