Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
A cidade de Dourados, sozinha, já contabiliza 674 casos confirmados da Covid-19 e é considerada o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul. Mesmo com todos esses casos, as unidades hospitalares continuam com estrutura precária para atender pacientes durante a pandemia.
Segundo o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren-MS), pelo menos dois hospitais da cidade não têm todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários à disposição dos profissionais da saúde. O Hospital da Vida, gerido pela prefeitura, e o Hospital da Missão Caiuá, que atende a população indígena, são as instituições que estão com os equipamentos em falta.
A pior situação, de acordo com o presidente do Coren, Sebastião Júnior Henrique Duarte, é em relação ao Hospital da Vida. Lá, pacientes com sintomas respiratórios e pessoas com outras enfermidades não têm separação na porta da unidade. Essas situações foram identificadas em uma vistoria realizada na semana passada no hospital.
“Lá, alguns equipamentos estão faltando para proteger as equipes de atendimento. O EPI é racionalizado e reparamos a falta de luvas dos tamanhos pequeno e médio e uma válvula de aspiração, usada para sugar as secreções de pacientes internados na UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”, explicou Duarte.
A separação de pacientes sintomáticos gripais dos não gripais é uma recomendação feita pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), de acordo com o secretário Geraldo Resende.
“O governo orienta, na tentativa de ajudar os municípios em todas as ações, desde a prevenção até o fluxo dos pacientes quando eles precisam de internação. Esperamos que as autoridades municipais tomem providências”, declarou.
Segundo um funcionário do Hospital da Vida, não é de agora que faltam equipamentos na unidade. “Falta estrutura há muito tempo no hospital. Já chegou a faltar sabão, papel-toalha. O hospital ainda está tentando se estruturar para essa pandemia. Esses problemas não são questão de agora, é um processo antigo”, disse um servidor que não quis se identificar.
Ele revela que a falta de separação de pacientes sintomáticos gripais dos que têm outras doenças pode levar ao contágio de pessoas que já estão com outras doenças e tornar os casos ainda mais graves.
De acordo com o Coren-MS, o hospital informou que o atendimento a esses pacientes seria feito na área onde ficarão as pessoas com problemas respiratórios, mas o local não está pronto.
“Cobramos a conclusão da obra, mas o hospital disse que teve problemas por conta do clima, com muita chuva, e houve um atraso para concluir”, contou o presidente da entidade.
Ainda segundo Duarte, a instituição deu 10 dias para que o Hospital da Vida responda o que foi feito para resolver os problemas encontrados nesta vistoria, que também foi acompanhada pelo Conselho Municipal de Saúde e pelo Sindicato dos Servidores dos Setores de Enfermagem da Grande Dourados (Sindenf).
O documento com todas as irregularidades detectadas foi encaminhado para o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), que abriu inquérito civil.
ÍNDIOS
Já sobre a Missão Caiuá, o Coren-MS afirma que a unidade tem poucos EPIs para atender uma população de mais de 15 mil indígenas da cidade.
A situação de Dourados preocupa por conta da quantidade pequena de leitos de UTI em relação ao aumento rápido dos casos da doença. Segundo a SES, na manhã desta terça-feira eram 38 pessoas internadas na cidade, mais da metade do total de internados no Estado, que eram 66 na manhã passada.
A secretaria municipal de Dourados confirmava apenas 26 internados, sendo 15 em UTI (4 público e 9 privados) e 11 em enfermaria (4 público e 7 privado). Esse dado, porém, é referente apenas aos casos confirmados da Covid-19, sem contabilizar os suspeitos que também estão internados e ocupam leitos.
Região tem mais uma vítima
Um homem de 66 anos morreu ontem de Covid-19 em Itaporã, cidade vizinha a Dourados. A vítima foi diagnosticada com a doença no dia 29 de maio e ficou internada no Hospital Municipal Lourival Nascimento da Silva por duas oportunidades, mas no fim da manhã de ontem recebeu alta médica. Trata-se do 23º óbito pela doença no Estado.
Correiodoestado.