O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depondo ao juiz Sérgio Moro na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR) - 13/09/2017. [ Reprodução/Youtube ]
Um dos recibos entregues à Justiça pela defesa de Lula. [ Reprodução ]
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
O empresário Glaucos da Costamarques teria assinado, em um único dia, todos os recibos de aluguel de 2015 referentes ao apartamento vizinho ao do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, usado pelo petista e sua família.
A informação é dos jornais "O Globo" e "Valor Econômico".
Segundo as publicações, o empresário assinou os documentos quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro de 2015. Os papéis teriam sido levados ao hospital pelo João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira -advogado e amigo do ex-presidente.
De acordo com os jornais, a defesa de Costamarques avalia ajuizar nesta quinta (28) uma petição na 13ª Vara Federal de Curitiba, relatando a maneira como os comprovantes foram assinados. Deve ainda solicitar imagens do circuito interno do hospital para comprovar as visitas feitas a Costamarques.
A defesa de Lula informa que juntou aos autos o contrato de locação e os recibos de quitação em relação aos aluguéis até dezembro de 2015.
"Não há qualquer questionamento em relação às assinaturas que constam no documento. A quitação é a prova mais completa de pagamento, de acordo com a lei", afirma.
"Se houver qualquer dúvida em relação aos recibos, poderão eles ser submetidos a uma prova pericial. A defesa do ex-presidente Lula tem absoluta tranquilidade de que os documentos guardados por dona Marisa revelam a expressão da verdade dos fatos."
Os documentos em relação ao imóvel em São Bernardo foram entregues nesta segunda (25) à Justiça, a fim de comprovar que o aluguel do imóvel, segundo a defesa de Lula, foi "uma relação privada de locação".
Entre os 26 recibos apresentados pela defesa de Lula, dois informam datas inexistentes: 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Segundo a defesa, foi um "erro material" que não tem relevância no conjunto probatório.
Eles são assinados pelo proprietário do imóvel, Costamarques, e atribuem o pagamento à ex-primeira-dama Marisa Letícia.
O primeiro pagamento, segundo os documentos, teria sido feito em 2011, no valor de R$ 3.500. O último, em 2015, chegou a R$ 4.300.
IMÓVEL
O imóvel é um dos pontos da acusação na ação que o ex-presidente responde sob suspeita de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula.
O caso deve ser sentenciado pelo juiz Sergio Moro nos próximos meses.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o aluguel do apartamento, que pertence ao empresário Glaucos da Costamarques (primo do pecuarista José Carlos Bumlai), foi pago com propina da Odebrecht, obtida por meio de contratos da Petrobras.
Lula nega irregularidades e diz que quem cuidava do pagamento do aluguel era sua mulher, Marisa Letícia, morta em fevereiro. Segundo o ex-presidente, os pagamentos foram registrados em declarações do Imposto de Renda, tanto dele quanto de Costamarques.
"Vou repetir para o senhor. Nunca houve qualquer denúncia que o apartamento não estava sendo pago. Seu Glauco nunca levantou, seu Glauco nunca cobrou, seu Glauco nunca me telefonou. Nem ele, nem ninguém", disse Lula, em depoimento a Moro.
Delatores da Odebrecht também negaram vínculo com o apartamento.
Em depoimento no início do mês, porém, Costamarques afirma que só recebeu os aluguéis a partir de 2015, após a prisão de Bumlai, tendo recebido "calote" durante quase cinco anos. Apesar disso, afirmou ter declarado à Receita Federal todos os valores.
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