15/09/2015 09h00min - Geral
10 anos atrás

Vizinhos de pedágio, podem gastar até R$ 500 por mês para 'ir e vir'

Moradores querem tarifa diferenciada para Anhanduí

Cleber Gellio ► Moradores querem tarifa diferenciada para Anhanduí

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Midiamax News


A cobrança do pedágio pago a CCR MSVia, responsável pela administração, reforma e duplicação da BR-163, desagradou os moradores de Anhanduí, distante 51 quilômetros de Campo Grande. A população local pede que seja isenta do valor ou que a taxa seja fracionada conforme a distância entre o distrito e a Capital. A presidente da Associação de Moradores do Distrito de Anhanduí, Elisabeth Pabbebecker, de 55 anos, diz ter entregado um ofício ao prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), que segundo ela, se comprometeu a tentar uma negociação com representantes da CCR MSVia, nessa terça-feira (15). “Ele deve se reunir amanhã com representantes da CCR MSVia para tratar desse assunto porque não é justo pagarmos esse valor. Temos muitos trabalhadores que passam todos os dias por esse trecho. Queremos que isentem os moradores de Anhanduí, ou que pelo menos fracionem o valor de acordo com a distância”, explica. Conforme a presidente da Associação de Moradores de Anhanduí, em uma das empresas do município, ao menos 80 funcionários precisam percorrer o trecho diariamente. “Tentamos fazer com que mudassem o pedágio para o quilômetro 409, mas não nos atenderam e colocaram no Km 432. Agora nossa esperança é que o prefeito de Campo Grande consiga negociar isso”, declara. O radialista Joaquim Jacoboski, de 50 anos, também critica a cobrança. “Temos uma região com quase 7 mil habitantes e pelo menos mil condutores terão de pagar esse valor exorbitante por um trajeto tão curto. Poderíamos pagar o valor fracionado. Agora só o prefeito da Capital pode nos ajudar”, declara. José Joaquim Martins, de 58 anos, mora e trabalha em uma chácara distante 1,5 km de Anhanduí. Ele afirma que durante a semana precisa ir ao menos 12 vezes para o município. No fim do mês, chega a passar 48 vezes pelo pedágio, o que resulta em um gasto mensal de R$ 345,60, ou seja, 28.8% do salário de R$ 1.200,00. Um morador da região, por exemplo, que trabalhe do outro lado da praça de cobrança, passaria pelo pedágio 4 vezes por dia. Mesmo que utilizasse uma motocicleta, veículo com a menor tarifa, o trabalhador teria um gasto diário de R$ 14,40. Caso cumpra expediente apenas de segunda a sexta, o condutor acumulará um gasto de R$ 288 por mês. Se usar um carro pequeno, o custo dobra. “Esse valor é muito caro. Vai ser um prejuízo muito grande para mim. Vamos para Anhanduí quase que diariamente e mais de uma vez ao dia. Vou ter de tirar o valor do pedágio do próprio bolso e o pior é que já estou pagando, mas ainda não vi as melhorias”, ressalta. Martins diz ainda que não havia se programado para pagar as taxas. “Nunca pensei que seria esse valor para nós que moramos tão pertinho. Tinha esperança de pagar menos. Anunciaram um valor mais baixo antes. Agora vamos ter de nos programar para ir ao distrito só uma vez na semana, mas vai ser difícil porque preciso ir às consultas médicas, comprar remédio e ração para o gado, fazer entrega de encomendas de queijo e doação de leite”, frisa. Valdevino Antunes de Souza, de 59 anos, faz o trajeto ao menos uma vez na semana e calcula que, entre as idas e vindas, no fim do mês terá um gasto de R$ 57,60. O pecuarista reclama que o valor cobrado no pedágio é muito alto. “Está muito caro. Quem mora em Anhanduí vai passar pelo pedágio muitas vezes. Vai sair caro principalmente para quem trabalha ou estuda na Capital e mora aqui”, observa. O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, disse na tarde desta segunda-feira (14), que vai conversar com a concessionária e pedir que os moradores da região sejam tratadas de forma diferenciada. “O distrito não pode ser sacrificado, a CCR tem que entender que os moradores e trabalhadores da região precisam ser tratados de forma diferenciada. Eles não podem, além de pagar passagem para vir, ter que pagar pedágio. Eles moram dentro de Campo Grande e precisam ser atendidos dentro da sua peculiaridade”, argumentou sem especificar o que será feito pela Prefeitura para resolver a questão. A taxa básica de R$ 7,20, preço cobrado de condutores em veículos de passeio, passou a ser cobrada à zero hora desta segunda-feira (14). Até o momento não se sabe se será possível fracionar ou isentar os moradores de Anhanduí. Os postos de cobrança do pedágio estão instalados nos seguintes locais: em Mundo Novo, Itaquiraí, Caarapó, Rio Brilhante, Campo Grande, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Pedro Gomes. MidiaMax